segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

A realidade de Ícaro



O chão gelado,
O vento frio que passou;
Tudo parou.
O zunido no ouvido ainda é grande, atordoante.

O gosto do chão se sente nos dentes.
Gelado, a madrugada torna todas as coisas geladas.
O impacto faz todas as coisas planas.
O choque imobiliza as articulações. As coisas não acontecem.

Do corpo na verdade não se sabe nada.
Ele existe?
Dentro dele tudo vive,
Ainda que as asas de cera o tenha levado tão alto.

O sol derreteu as asas,
Mas não me fez morrer, mas tô doendo;
Doendo de tão vivo,
Apesar de um dia ter acreditado em asas de cera.

Do corpo só posso descrever a queda, ele nunca doeu;
O que vive é o que sente. Ah se só o corpo sentisse (...).
Voar é a alma, a ideia. Essa leva o corpo.
As asas de cera realmente valem a pena?

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